Quem observa antigas fotografias das praias do Guarujá, especialmente da Praia de Pitangueiras no início do século XX, pode se deparar com uma cena curiosa: pequenas construções sobre rodas posicionadas à beira-mar ou até mesmo dentro da água. Esses curiosos veículos eram as chamadas casas de banho móveis, uma herança dos costumes europeus trazida à elite brasileira daquela época.
Antigas casas de banho/ pitangueiras/ Guarujá
Essas estruturas funcionavam como vestiários particulares montados sobre carroças e tinham um propósito muito específico: permitir que as pessoas pudessem se banhar no mar com privacidade, sem serem vistas trocando de roupa ou entrando na água. Eram puxadas por cavalos ou empurradas manualmente até um ponto seguro na beira da praia — e algumas, de fato, chegavam a entrar no mar em marés mais baixas.
🏖️ Como funcionavam?
As casas de banho tinham rodas grandes, muitas vezes de madeira, e um compartimento fechado com uma escada ou plataforma;
A pessoa entrava com seu traje de banho dentro da cabine, trocava-se em privacidade e descia diretamente no mar por uma pequena porta nos fundos;
Havia divisão por gênero — algumas casas eram exclusivas para senhoras, outras para cavalheiros;
Quando o banho terminava, a estrutura era novamente retirada da água e levada de volta à areia.
🌍 Uma moda que veio da Europa
Essa prática foi inspirada nos banhos de mar britânicos e franceses do século XIX, quando o ato de se banhar em público era visto com pudor e discrição. Na Inglaterra vitoriana, por exemplo, as “bathing machines” (máquinas de banho) eram comuns em resorts litorâneos. A aristocracia europeia influenciou os costumes da elite brasileira, que buscava no Guarujá uma “praia civilizada”, com ares de estação balneária europeia.
🕰️ Um costume que ficou na história
Com o tempo, os trajes de banho se tornaram mais aceitáveis, a praia se popularizou e a ideia de "privacidade no mar" foi caindo em desuso. Assim, as casas de banho móveis desapareceram, tornando-se apenas registros fotográficos curiosos de uma época em que até o lazer à beira-mar obedecia a regras de etiqueta e recato.
Essas imagens são, hoje, verdadeiras janelas para o passado, mostrando como a relação das pessoas com o corpo, o mar e o espaço público se transformou ao longo das décadas.
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